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Quer ser mais aceito pelo seu público?

Aprendemos na escola que somos animais racionais, usamos a razão nas nossas escolhas. Será mesmo? Muito do nosso comportamento é controlado por uma parte jurássica do nosso cérebro chamada, entre outros nomes, de cérebro reptiliano que, quando ativado, tem total prioridade sobre os outros dois cérebros: o sistema límbico, relacionado às emoções e o neocórtex, camada mais externa e genuinamente humana, onde opera o raciocínio. 

Julgamos o tempo todo, quase que na velocidade da luz, se algo é bom ou ruim, tudo baseado na nossa herança pré-histórica: “isto é comida para mim ou eu sou sua fonte de alimento?” Ainda usamos esse tipo primitivo de pensamento porque é rápido, barato (energeticamente) e efetivo.



Baseado no comportamento do outro, decidimos se podemos nos aproximar, se devemos nos afastar ou ignorá-lo completamente. Em fração de segundos nosso cérebro reptiliano, automaticamente, classifica todas as pessoas que entram no nosso campo de visão em quatro categorias:

  • Amigo: seguro ou pode oferecer um benefício em potencial;
  • Inimigo (predador): uma ameaça em potencial;
  • Parceiro sexual: companheiro potencial, talvez possamos passar nossos genes adiante;
  • Indiferente: não oferece benefício algum, não é uma ameaça ou parceiro em potencial, sem importância alguma.

Existem mais de 7 bilhões de pessoas no planeta, portanto por padrão estamos programados a ser indiferentes. Quando classificados como indiferentes, não importa se a mensagem é importante ou não, ela será ignorada certamente.
Culturalmente, damos muito peso ao que é dito, às palavras. No entanto, conforme o estudo, mostrado no post anterior, do psicólogo Albert Mehrabian, 93% da comunicação ocorre através da linguagem não-verbal: tom de voz, postura, gestos, expressões faciais…
Estes estudos também descobriram que as pessoas diante de uma mensagem verbal que tenha um componente não-verbal incongruente (incoerente, incompatível), tais como as palavras “eu te respeito” pronunciadas com um sorriso reprimido. Em geral, as pessoas respondem à mensagem não-verbal, mesmo que não a reconheçam conscientemente!
Visto que as pessoas reagem mais à incongruência, esta pode minar ou destruir a comunicação, mesmo quando a preparação do conteúdo estiver sendo feito de forma correta. Mais importante que o conteúdo é como ele soa (tom de voz) e como ele aparece (postura).

Se estamos programados a ser indiferentes, como podemos mudar isso de maneira a nos conectarmos com o público, colegas de trabalho, família e ser mais aceito?
Por sorte, os sinais que devemos passar aos outros para sermos classificados como amigos são simples. Veja por você mesmo:
Humor é contagioso: sempre verifique o seu estado de espírito antes de uma apresentação, pergunte-se se ele está de acordo com a energia que você quer passar. Caso não esteja, ligue para um amigo(a) bem-humorado antes da apresentação. Se você está entediado, não apresente nada, é preferível adiar a apresentação. Esse humor é facilmente contagiante.
Contato visual: estabelecer e manter contato visual com o público é sinal de respeito e reconhecimento, além de lhe fornecer valioso feedback. Divida sua plateia em quadrantes e a cada frase estabeleça contato visual com uma pessoa de cada quadrante. 


      
Sorrir (com os olhos, inclusive) por, pelo menos, 3 segundos. Sorriso é o sinal universal que indica “está tudo bem!” e, também, é uma maneira de indicar ao cérebro reptiliano das outras pessoas que  você não fará nenhum mal a elas. Quanto mais genuíno o sorriso, melhor. O neurologista francês do século XIX, Guillaume Duchenne identificou dois tipos distintos de sorriso: o verdadeiro e o forçado ou falso. Segundo ele, um sorriso verdadeiro levanta um músculo das bochechas, os olhos ficam mais fechados e cria “pés de galinha” em torno dos olhos.
Perceba a diferença dos sorrisos na imagem abaixo.

Sobrancelhas levemente elevadas indicam reconhecimento: "Eu reconheço você". Levantar a sobrancelha acaba abrindo mais os olhos, quase exibindo sua parte branca. Essa exposição acalma a(s) pessoa(s) que você está encarando.

Exibir a barriga desprotegida e as mãos vazias na altura da cintura: quando passamos a andar com os dois pés, a nossa barriga deixou de estar protegida pelo solo e nela encontram-se vários órgãos delicados. 
Quando estamos sob estresse (real ou imaginário), instintivamente, procuramos protegê-la. No entanto, ao exibirmos essa área sem proteção, inspiramos confiança ao cérebro primitivo do outro, pois estamos expondo uma das regiões mais vulneráveis do nosso corpo, deixando claro que não carregamos nenhuma “arma”.




Uma maneira de controlar o stress e, ainda assim, externar confiança é deixar suas mãos na área do estômago – trazendo a atenção inconsciente para essa região – protegendo seu umbigo com as mãos.
 
Dada a quantidade de estímulos com que somos bombardeados diariamente, indiferença é uma defesa e não uma falha. No entanto, em um mundo complexo como o nosso, serão apropriados julgamentos feitos em uma era onde nossa sobrevivência dependia da decisão de lutar ou fugir?

Comece a prestar atenção nas pessoas a sua volta e conecte-se com alguém que não chama a sua atenção. Faça contato visual, converse, peça sua opinião ou a convide para um café. Você pode descobrir que tem mais em comum com ela do que o seu cérebro primitivo inicialmente julgou.

Você, provavelmente, já sabe que colocando em prática esses conhecimentos facilitará muito a comunicação e sua aceitação pela plateia e pelas pessoas, de modo geral.


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