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Proatividade: empregado x empregador

Ser um profissional de sucesso e bem remunerado, certamente, é o desejo de qualquer pessoa. Há algumas décadas bastava ter um curso superior para garantir isso. Hoje, não é mais assim. 

As empresas também precisam se adaptarem às novas exigências do mercado. Vários “gigantes” desapareceram em tão pouco tempo. Lembra da rede de lojas Arapuã, Mesbla, Mappin, Vasp, Transbrasil, Manchete…?

Este post é sobre uma das habilidades que tanto se fala para alcançar o sucesso profissional e até mesmo pessoal e familiar: a proatividade. Muitos confundem com iniciativa, no entanto proatividade vai mais além disso. 

Afinal, o que é ser um profissional proativo e porque isso é um grande diferencial? Qual é a visão das empresas sobre isso?
A primeira pessoa a definir tal termo foi o psiquiatra judeu Viktor Frankl, sobrevivente dos campos de concentração da segunda guerra mundial. Além das atrocidades sofridas, ele perdeu uma boa parte de sua família, inclusive sua mulher grávida. Enquanto a maioria dos prisioneiros acreditava que a situação definia o estado de espírito, ele defendia que entre o estímulo e a resposta está a nossa liberdade de escolha, que como você se sente em relação ao que lhe acontece é escolha sua. "Tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida".
Defendia que quando temos um objetivo definido, um sentido para a vida, tudo fica mais fácil. Frankl gostava de citar a frase de Nietzsche: “Quem tem porque viver pode suportar quase qualquer como.” 
No seu livro “Em busca de sentido”, Frankl nos dá um emocionante relato de uma sessão terapêutica que teve com seus companheiros de prisão. Como se pode despertar num paciente o sentimento de que é responsável por algo perante a vida, por mais duras que sejam as circunstâncias? 

Na Programação Neurolinguística há um pressuposto de que “o mapa não é o território”. O mapa é apenas uma representação do território. Da mesma forma que a realidade que percebemos é apenas uma representação dela. Por isso duas pessoas podem ver a mesma realidade e uma delas ter uma percepção positiva enquanto a outra ter negativa. 

O que está a nossa volta é a realidade externa, imutável. Aquilo que cada um percebe através dos seus sentidos é a realidade interna. E isso é peculiar a cada pessoa. Ao trazermos a realidade externa para dentro da nossa mente aplicamos “filtros” que diferem de uns para outros. Nesses “filtros” estão os nossos valores, princípios, hábitos, atitudes e crenças. No momento em que modificamos tais “filtros” modificamos a realidade interna. A realidade externa continua sendo a mesma, o que se altera é a forma como a percebemos.


Proatividade implica em que nós somos responsáveis por nossas escolhas. Nossos comportamentos são resultantes das decisões que tomamos e não da situação externa. Quando esse conceito é internalizado a pessoa para de se fazer de vítima das circunstâncias e passa a ter as rédeas da sua vida.

Os princípios da proatividade são determinação, foco no resultado, encarar os obstáculos como mecanismos de superação, visão estratégica, comprometimento, iniciativa para resolver problemas, motivação para alcançar metas e colaboração com os colegas.
Nós, como seres humanos, somos proativos desde o nascimento e nos tornamos reativos com a educação que recebemos. 


Você sabia que uma criança, até os três anos de idade, escuta, aproximadamente, cinquenta mil vezes a palavra “não”? A educação é voltada para o que a criança não deve fazer e isso favorece o desenvolvimento da reatividade. Quando adulto, espera que algo aconteça para só então tomar uma atitude, se omite, faz somente o que lhe mandam fazer, não tem iniciativa, são inseguros e focam no problema. Para favorecer a proatividade, devemos deixar bem claro o que esperamos que a criança faça

O indivíduo proativo é aquele que se responsabiliza por modificar as circunstâncias, independentemente de elas terem ou não sido originadas por ele. Seu foco está na solução.
Um proativo diz: “Sou bom e posso ser melhor ainda”. Enquanto um reativo diz: “Não sou tão mal assim, há muitos piores que eu”.

Felizmente, proatividade é uma característica que pode ser desenvolvida e isso envolve mudanças e quebra de crenças limitantes. Deixar de lado a “Síndrome de Gabriela”: eu nasci assim, eu cresci assim e vou ser sempre assim.

Por onde começar? 
Busque associar-se com pessoas iguais ou mais proativas que você, que lhe depositem confiança, integrar equipes que comemorem suas vitórias, mesmos as pequenas, questione-se para ver se a sua atitude foi a mais adequada, não fique remoendo culpa quando errar, nem procure desculpas para seus erros. Veja o que é possível fazer para reverter ou minimizá-los e aprenda com eles. Comece com pequenas atitudes e, aos poucos, vá ampliando. 

A pessoa proativa tem mais controle emocional, não se deixa influenciar por emoções como a raiva e a frustração, pois estão focadas nos seus objetivos. Não é impulsiva nem arrogante. 

Quem escolhe como vai se sentir diante dos acontecimentos somos nós. Como você reage quando a impressora não funciona na hora em que mais precisa dela, quando o trânsito está lento, chegou atrasado numa reunião ou um colega fala algo que você não gosta?

O pior é que muitos encontram “obviedade” para as circunstâncias, alegando que “qualquer um no meu lugar agiria dessa forma”. Proatividade requer treinamento do controle emocional das respostas diante dos estímulos. E pode ser expandida para outras áreas da nossa vida: familiar, financeira, social, física, mental e até espiritual. 

O que dizer das empresas, elas são proativas ou reativas?
Muitas empresas ainda têm um modelo de trabalho arcaico e diversos problemas de gerenciamento. Não reconhecem aqueles que fazem mais do que a sua função pede. 
Alguns gerentes têm atitudes de capatazes do feudalismo da idade média. Impõe a cultura do medo. Detestam os funcionários proativos, pois  veem tais funcionários como uma ameça a seu próprio cargo, pois o proativo está sempre estudando, aprendendo e procurando crescimento. 

As empresas com visão sistêmica de proatividade têm mais lucratividade e mais chances de sobrevivência. Sabem que o sucesso na competição depende de ser diferente e não o melhor. O lucro é mais importante que o tamanho da empresa e gerenciar custos é tão importante quanto vender. Possuem estratégias sem arrogância, não acham que já conhecem tudo e que isso é o suficiente. Percebem que precisam dos seus colaboradores, por isso investem neles, criam um ambiente favorável de trabalho, plano de benefícios e de carreira. Pois, quando o funcionário tem apenas o seu salário no final do mês é muito mais fácil encontrar outro emprego. 

Caso você esteja subordinado a um gerente reativo, encare como mais um desafio. Melhor ser assim proativo, a se acomodar ou tentar se adaptar. As melhores empresas estão a procura de pessoas como você. 
O importante é saber que você tem escolhas, não precisa passar os dias amaldiçoando seu trabalho ou a sua vida e torcendo para que o final de semana chegue logo. 

Você que é empresário observe, analise o perfil dos seus gerentes, supervisores e diretores. Eles são proativos? É o seu dinheiro que vai para o ralo se eles forem reativos. A responsabilidade inicial é sua. Você tem de ser proativo em primeiro lugar. Deve colocar as pessoas certas nas funções certas.

Onde quer que estejamos ou façamos foi escolha nossa. 
Saiba engajar seus colaboradores, conheça a sua equipe e saiba a forma correta de buscar o melhor de cada um deles. 
Erros são bem-vindos quando trazem aprendizagem e melhorias na estratégia.

Segundo o professor de marketing Leonardo Araújo: "As empresas reativas estão preocupadas em aprender as regras do jogo. E as proativas criam novas regras e passam dar as cartas da competição". 

Finalizo com as palavras de Viktor Frankl: “Viva como se estivesse vivendo a vida pela segunda vez, e que na primeira você agiu errado”.

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